
Todos cuidamos das coisas que gostamos. Sabemos que aquele presente dado há anos ou aquele objeto que adquirimos com muito esforço devem ser devidamente protegidos das hordas de gente má que povoam o mundo inteiro.
Afinal, não é somente um cordão, um livro, foto, peça de roupa! É a memória de um evento, de uma pessoa querida ou de um sentimento mantido vivo às custas do desgaste natural das coisas; muitas vezes teimosamente lutamos para proteger o que já não existe. Somente em nossas mentes (traduzindo para o “biblês”, coração) é que as coisas, pessoas e fatos podem viver indefinidamente.
Jesus dizia, neste contexto (por favor, se você puder, tire uns 10 minutos de seu dia e leia todo o capítulo 12, lhe fará muito bem), justamente isso: qual é o ponto de se exasperar para proteger algo que irá, eventualmente, se degradar? Ele não disse que deveríamos romper todos os laços com os seres humanos, corrermos para as colinas e rezarmos até o fim do mundo, nem que deveríamos nos lançar em uma espiral de prazer momentâneo e arrependimento perpétuo, correndo para as fontes de prazer que existem por aí (bares, bebida, outras drogas, namorado(a), “ficantes”, insira-o-seu-aqui).
Tanto um quanto outro caminho são formas de fechar os olhos e ignorar as grandes verdades da vida, que são, por vezes, o grande veículo de ensinamento Divino para nossas vidas. Saber que algo irá, eventualmente, deixar de existir deve nos dar uma consciência de finitude e gerar um sentimento de dependência de Deus nesta vida. Se tudo passa e a vida é um rio correndo veloz por um vale, o que nos resta além de ir com ele e nos agarrar à Rocha que é “mais alta que eu?”(Sl 61:2) É por isso (também) que Jesus diz “buscai antes o Reino de Deus” (Lc 12:31) e repreende o homem que derruba seus celeiros e contrói outros somente porque foi abençoado e seu campo produziu mais que ele podia guardar (ver Lucas 12:13-21).
Não se fala aqui somente da generosidade, da importância do semear ou qualquer outra coisa nesse sentido. Também fala de nossa atitude em relação à vida inteira. Para quem se deve guardar tantos tesouros físicos, emocionais e espirituais? Olhemos para a Palavra: “vendei o que tendes e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe” (Lc 12:33). É em direção ao próximo que tudo isso deve apontar. Em amor, serviço cristão e devoção a Deus.
Guardemos as boas coisas, as memórias felizes, os momentos de quebrantamento em Sua presença, os dons e promessas sussurados em nossos ouvidos pelo Espírito. Mas se tudo isso não voltar ao mundo exterior... qual é o ponto? Soli Deo gloria
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